Santo Agostinho: uma vida em busca da Verdade
"Assim como todos, sem exceção, desejamos desesperadamente ser felizes, ninguém, absolutamente ninguém, gostaria de viver no erro. "A verdade e sua busca são o alimento da nossa alma", ensina Agostinho".
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10.10.2023 - 08:57:00 | 3 minutos de leitura

Assim como todos, sem exceção, desejamos desesperadamente ser felizes, ninguém, absolutamente ninguém, gostaria de viver no erro. "A verdade e sua busca são o alimento da nossa alma", ensina Agostinho. Nada atrai mais a alma humana do que o desejo pela verdade. Nenhum homem suporta viver na mentira. "Que todos querem a verdade", diz Agostinho em suas Confissões, e isso se comprova pelo fato de gostarmos de enganar, mas detestarmos ser enganados (cf. Conf. 10,23).
O próprio Agostinho, quando tinha cerca de 19 anos, após ler um livro importante, o "Hortensius" de Cícero, começou a buscar a verdade. Essa busca o levou ao maniqueísmo, uma religião que combinava vários elementos de outras religiões: cristianismo, budismo e zoroastrismo. Agostinho confessa que foi atraído porque ouvia dos maniqueus a sedutora promessa: "verdade, verdade". Desiludido e profundamente amargurado, percebeu que a verdade não estava com eles e, após 9 anos, os deixou. Recomeçou sua busca. Encontrou-se com um grupo de filósofos chamados Acadêmicos, que eram céticos. Estes afirmavam que era impossível para o homem conhecer a verdade. Agostinho uniu-se a eles, tornando-se também um cético. Falando desse período, disse: "tinha caído em um mar profundo e havia perdido as esperanças de encontrar a verdade" (cf. Conf. 6,1,1).
Quando se converteu, sentiu que sua primeira missão como filósofo era refutar aqueles que negavam a possibilidade de encontrar a Verdade, ou seja, os filósofos Acadêmicos: "Parece-me que devemos reconduzir os homens à esperança de encontrar a verdade" (Epistulae, 1, 1). Contra estes, escreveu um diálogo chamado "Contra os Acadêmicos", onde reestabeleceu os critérios para que se possa encontrar a verdade. Mas a grande revolução de sua vida foi perceber que não é o homem que encontra a verdade, mas é a verdade que vem ao encontro do homem. Aqui está toda a diferença do cristianismo em relação às outras filosofias e religiões. O cristianismo não é a religião de uma ideia, de um conceito abstrato, mas sim do Verbo encarnado, que armou sua tenda para caminhar com os homens.
Agostinho, mesmo depois de encontrar a verdade no seio da Igreja Católica, jamais deixou de buscá-la e de querer compreendê-la profundamente. Ele, por isso mesmo, dialogou muito, especialmente contra aqueles que negavam a fé católica. Ele tinha alguns importantes pressupostos: 1) Não devemos nunca atacar as pessoas, mas apenas seus erros (cf. Com. Litt. Pet. I,29,31). Também ensinou que devemos buscar a verdade por meio do método da discussão de ideias, mas em nenhum caso, afirma nosso Santo, devemos buscar discutir pelo simples ato de discutir, sacrificando a verdade em prol da discussão (cf. Quaest. In Hep., proem.). Enfim, conclui o mestre Agostinho, o que nos permite dialogar com os outros é a consciência de que a verdade não é minha, nem tua, para que assim possa ser tua e minha (en. Ps. 103,2,11).
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Fonte Centro de Estudos Agostinianos
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